Imagem: http://www.taralye.vic.edu.au
Hoje nós vamos tecer algumas reflexões sobre o artigo Embates de línguas e embates identitários: a constituição identitária do sujeito surdo no entremeio de Márcia Aparecida Amador Mascia e Alcebíades Nascimento Silva Júnior, ambos da Universidade São Francisco.
O artigo nos traz as dificuldades que o sujeito surdo encontra para se conhecer, conhecer as pessoas, se comunicar e conhecer o Mundo em que vive. O relacionamento do sujeito surdo e do sujeito ouvinte com a linguagem, toma rumos diferentes quando ambos nascem em famílias ouvintes, pois para o ouvinte a aquisição da linguagem vem naturalmente e este vai constituindo o seu relacionamento com o mundo de acordo com que a sua linguagem é adquirida. Já para o sujeito surdo esta aquisição de linguagem é deficitária, pois os pais ouvintes normalmente não sabem Libras e como a criança usa o espaço visual tanto para se comunicar como para entender ela terá a sua aquisição de linguagem e de mundo atrasada se não tiver contato com alguém fluente em Libras, pois em sua maioria o sujeito surdo deveria aprender a Libras e após a Língua Portuguesa tornando-se assim de mais fácil compreensão e entendimento para ele, afinal sua aprendizagem ocorre de forma diferente de um ouvinte.
Como explicitado no artigo, entende-se que o surdo ao adquirir e aprender a Libras é como se o mesmo estivesse renascendo, pois com a aquisição de uma linguagem ele consegue se expressar e entender o que acontece com outro e ao seu redor, conseguindo se comunicar. Através da Libras o sujeito surdo consegue aprender o português, não dominá-lo plenamente, mas ao longo de sua vida escolar e acadêmica este domínio tende a aumentar. Mas o sujeito surdo antes de aprender a Libras teve todo um percurso de desenvolvimento perante a língua da sua família e esta língua torna-se algo importante para a sua constituição como sujeito, pois é através dela que há a comunicação e ela já é parte deste sujeito e quando o mesmo aprende a Libras ele não execra o seu passado, ele soma seus conhecimentos para assim constituir-se como um ser em constante formação.
Com estas aquisições de linguagem o sujeito surdo vai construindo a sua identidade na intersecção da Libras e do português, pois com a Libras ele fez a sua descoberta do mundo e conseguiu dar significação a conceitos antes não entendidos e com o português ele conseguiu ampliar a sua comunicação chegando a lugares e pessoas antes inatingíveis e com isto o sujeito surdo se constitui no entremeio das línguas significando-se e identificando-se com ambas.
Referências
MASCIA, M. A. A.; SILVA JÚNIOR, A. N. Embates de línguas e embates identitários: a constituição identitária do sujeito surdo no entremeio. 2003-2006.
Por Gabriela Almeida de Godoi
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